Masky Girl: A Origem

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Mamãe e Papai discutiam no andar de baixo, eu não gostava disso.

“Ele é um porco bêbado e fedorento e ela uma vadia masoquista.

Era sempre sobre a mesma coisa, todo dia, toda vez que ele estava em casa. Dinheiro.

“Porco se não gastasse tudo em bebidas e vadias de esquinas teria mais”.

Eu sabia o motivo de estarmos no escuro naquela noite, haviam cortado nossa luz por falta de pagamento, eu não gostava de ficar no escuro. Principalmente à noite.

“Você não deveria mais ter medo do escuro já está muito grande pra isso”


Masky Girl: A OrigemMamãe gritava sobre como não conseguia pagar as contas e ainda comprar meu remédio, já papai dizia que isso não era o mais importante e sim o fato dele estar devendo pra muitas pessoas e que se não pagássemos ficaríamos sem casa. Mamãe ainda tentou insistir que meu remédio era uma causa mais urgente, mas ele não ouvia, ouvi mamãe gritar e um barulho de vidro quebrado, e mais alguns gritos abafados. E por fim silêncio.

“Ele deve ter finalmente tê-la matado não vai fazer falta ela só servia pra capacho”

Eu estava preocupada com mamãe eu tinha de ver se ela estava bem, abri a porta de meu quarto e coloquei temerosamente minha cabeça para fora, o corredor estava escuro e gelado como um mausoléu de pedra, caminhei a passos receosos em direção à escada, conforme eu andava sentia o piso frio sobre meus pés desnudos, pouco tempo depois sentia que não estava saindo do lugar pois nunca chegava à escada, ela não era tão longe, não havia uma mínima luz que pudesse me guiar pelas sombras, era como se eu estivesse cega, tateei em volta a procura das paredes mas elas já não estavam ali, também não sentia mais meus pés tocarem o chão frio e de repente já não tinha controle sobre meu corpo, não sabia onde estava, aquilo era aterrorizante, uma tortura horrível e insuportável, queria gritar mas não sentia minha boca ou mesmo qualquer parte do meu corpo, estava tudo amortecido. Aquilo devia ser mais uma das minhas varias alucinações que tinha quando ficava muito tempo sem tomar meu remédio, mas dessa vez era diferente eu não estava vendo coisas ou mesmo surtando aos gritos por medo de algo irreal, aquilo parecia real, mais real do que qualquer alucinação que já tive nesses quinze anos. 

Comecei a me sentir mal, como se estivesse sendo desmembrada, tendo cada parte do meu corpo arrancada de maneira completamente estranha, a dor era excruciante até que, já não senti mais nada, nem mesmo meus pensamentos, o cansaço tomou conta de mim, mesmo relutando me rendi ao sono enquanto despencava em uma queda cega e sem fim, com uma voz sussurrando meu nome “Lucy”.

" Frio era tudo que sentia, mas isso não me incomodava, nem o frio nem o escuro, ele era parte de mim, de nós, eu era parte dela, e ela parte de mim, mas ... Não queriam me deixar ficar, não me queriam por perto, tentaram me matar, mas mesmo assim eu ainda estava ali observando, esperando.

Senti um cheiro conhecido meu vindo do andar de baixo, era gasolina, aquele porco iria por fogo na casa deixando eu minha mamãe queimar vivas, do pé da escada, o vi, ele desceu para o porão com uma simples lanterna em seu chaveiro, depois de tudo que ele fez a nós ele não sairia dali com vida. 

Peguei um cano de ferro que se encontrava perto do beiral da escada de madeira podre, segurei-o firme e decidida a mata-lo, estava pronta para um golpe certeiro em sua cabeça mas ele me agarrou e me chutou para o chão ficando em cima de mim, não havia como me livrar dele, ainda tinha uma pequena chance, minha mão se fechou em um punhado de terra que foi lançado em seus olhos, ele ainda teve tempo de me dar um tapa que me fez cair sobre os vários amontoados de caixas, ele me pegou pelo pescoço e me jogou em outro canto, o lado direito de meu rosto bateu contra o metal da fornalha que servia para aquecer a casa, ele corria escada acima aos tropeços, quando me levantei um pedaço da carne do meu rosto ficou preso à parede da fornalha que cheirava a carne humana queimada, voltei meus olhos às pilhas de caixas que havia derrubado, uma fraca luz de cima iluminava uma mascara branca de olhos e boca negros, me levantei o mais rápido que pude peguei a mascara do chão e a coloquei o plástico pareceu se fundir com a parte que faltava em meu rosto.

Ele já havia começado o incêndio, mas burro como era ficou preso entre as chamas, esbocei um sorriso de satisfação por de baixo da mascara, ele cairá na própria armadilha, podia ouvir os sons de sirenes que se aproximavam, corri o mais rápido que pude mesmo tendo algumas das partes de meus braços queimadas consegui escapar, finalmente estava livre.
Parei em um beco onde haviam vários entulhos domésticos largados de qualquer maneira, havia um espelho trincado onde mirei minha imagem, tentei retirar a mascara para ver o estado de meu rosto mas eles haviam se fundido num só.

Estava começando a chover havia uma pequena cabana improvisada com latões e papelão, passaria a noite ali, até conseguir outra vitima para me divertir. Eu precisava de um novo nome toquei meu rosto e ele veio imediatamente. 


Masky Girl

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